Estados, municípios e governo federal convergem para fechar reforma tributária

Estados, municípios e Ministério da Economia finalmente convergiram para começar a fechar uma reforma tributária que ponha fim ao emaranhado de impostos, taxas e contribuições que compõem o sistema tributário brasileiro. Após meses de conversas com especialistas e com representantes dos entes federados, o senador Roberto Rocha (PSDB-MA) apresentou, ontem, seu novo parecer à PEC 110/2019, que unifica tributos e cria um novo modelo de cobrança de impostos no destino, e não mais na origem. A principal novidade é a união de vários impostos sobre consumo de âmbito federal e municipal em um sistema de Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual, a exemplo do que ocorre no Canadá. A ideia é que PIS e Cofins, ambos tributos federais, se juntem para formar a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), o IVA federal. Esse projeto já está na Câmara desde o ano passado e não tem previsão para ser discutido, mas deve ser apensado à PEC 110, segundo Rocha. Já o IVA subnacional seria a união de ICMS e ISS, estadual e municipal, respectivamente, em um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). O senador defendeu que a reforma tributária ampla não consiste apenas em avançar na PEC 110, mas em aprovar, também, outros três projetos que já tramitam no Congresso — veja quadro. “A gente considera que a reforma ampla não é a que está no Senado. É a que unifica pelo menos quatro projetos. Nós temos que escrever um novo livro tributário, não virar a página de um livro muito ruim que já existe”, pontuou Rocha. O primeiro capítulo, segundo ele, é a aprovação da PEC 110 e, depois, a aprovação da reforma do Imposto de Renda — que já passou pela Câmara e, agora, está no Senado sob relatoria do senador Angelo Coronel (PSD-BA). O passo seguinte seria a aprovação do imposto seletivo para, segundo Rocha, desincentivar o consumo de produtos considerados prejudiciais à saúde, como bebidas alcoólicas e cigarros. O último passo, conforme explicou Rocha, seria a aprovação do passaporte tributário — chamado de novo Refis, que serviria para que empresas com perda de faturamento pudessem regularizar sua situação financeira no que diz respeito aos impostos, taxas e contribuições. “Esse combo eu chamo de reforma tributária”, disse Rocha. Quase enterrada nos últimos meses, a PEC 110 voltou a ganhar destaque nas discussões da reforma tributária depois que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), se comprometeu com a tramitação da proposta, quando pressionado por representantes da indústria. A ideia do parlamentar era que o Senado tivesse o protagonismo da reforma tributária. Após a reunião com Rocha, ele reafirmou seu compromisso e o da Casa com a tramitação da PEC. Pacheco acredita que há grandes chances de o projeto ser aprovado este ano e chegou a dizer, mais cedo, em um evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que a proposta era uma “aposta” do Senado. Na coletiva, no entanto, ele demonstrou otimismo sem cravar uma data. Para sinalizar apoio à reforma, logo antes da divulgação do relatório, representantes de estados, dos municípios e do governo federal se reuniram com Rocha. Estavam presentes o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG); o ministro da Economia, Paulo Guedes; Rafael Fonteneles, presidente do Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz); Paulo Ziulkoski, presidente da CNM; e o secretário especial da Receita Federal, José Tostes Neto. Tramitação A tramitação, agora, está a cargo do presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Pacheco disse ter confiança que Alcolumbre colaborará para o andamento da reforma, pois é o primeiro signatário da proposta. “O calendário da PEC 110 pertence à CCJ nesse momento. Tenho muita confiança na sensibilidade do presidente Davi Alcolumbre. Tenho muita convicção de que, na CCJ, nós conseguiremos avançar e, quando vier ao Plenário, evidentemente há o meu compromisso de pautar a proposta”, disse Pacheco. Representantes de estados e municípios celebraram a união em torno do projeto. Rafael Fonteneles, presidente do Comsefaz, lembrou que as divergências entre estados “travaram a tramitação da reforma tributária nas últimas três décadas”. E que, agora, há convergência entre as unidades da Federação, pois cederam em alguns pontos. Já Paulo Zilkoski, presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), afirmou que a grande mudança consiste na tributação no destino. No caso dos municípios, o IBS, segundo ele, permitirá uma distribuição mais justa da arrecadação. “Cerca de 60% desse IBS vem já na norma constitucional. Desses 60%, 5% vão ter uma distribuição unânime entre todos os municípios”, ressaltou. Pontos principais » Substituição dos impostos federais, estaduais e municipais por um modelo de Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual; » O IVA dual seria composto pela união de PIS e Cofins (federais), que integrariam um IVA federal (CBS), e a união de ICMS (estadual) e ISS (municipal) em um IVA subnacional — o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS); » O projeto do CBS, que já está na Câmara (PL 3.887/2020), seria apensado à PEC 110; » O sistema de IVA dual teria base ampla, incidindo sobre todos os bens e serviços, incluindo economia digital; » A adoção definitiva do CBS levará sete anos, sendo dois anos de teste e mais cinco de transição. Anteriormente o texto previa um período de cinco anos; » Criação de um Fundo de Desenvolvimento Regional financiado com recursos do IBS; » A transição do atual modelo de tributação na origem para o novo modelo de tributação do destino levaria 20 anos; » Criação de um documento fiscal único e centralizado; » Criação de um imposto seletivo que incidiria sobre produtos prejudiciais à saúde, como cigarros e bebidas, e sobre aqueles que afetam o meio ambiente; » Donos de embarcações e aeronaves passariam a pagar IPVA sobre esses veículos. Da Redação Prefeitos & Governantes

DEM E PSL se fundem e criam União Brasil; diretórios regionais não têm consenso ainda

Os diretórios nacionais do DEM e do PSL decidiram nesta quarta-feira, 6, aprovar a fusão entre as duas legendas. O novo partido, que vai se chamar União Brasil, terá a maior bancada da Câmara, com 82 deputados, além de quatro governadores, oito senadores e as maiores fatias dos fundos eleitoral e partidário. Será a primeira vez, em 20 anos, que a direita reúne tantos parlamentares em uma única agremiação. A última vez foi no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, quando o PFL (atual DEM) elegeu 105 representantes. O presidente da legenda será o atual presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), e a secretaria-geral ficará com ACM Neto, que hoje comanda o DEM.  Para ser oficializada, a criação do União Brasil ainda precisa do aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A expectativa dos articuladores da fusão é que o tribunal dê a permissão até fevereiro do ano que vem, antes da abertura da janela partidária para as eleições de 2022.PUBLICIDADE “Nós vamos agora decidir a política nacional não só no Congresso Nacional, mas em todos os Estados do País”, afirmou o governador Ronaldo Caiado (DEM-GO), ao discursar na primeira reunião do partido. Antes da decisão final dos dois partidos, as direções do DEM e do PSL se reuniram separadamente para aprovar a fusão. O diretório do DEM do Rio Grande do Sul foi o único a votar contra a fusão. No PSL, a decisão foi unânime. Na reunião do DEM, o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, que é pré-candidato ao governo gaúcho, apresentou dois requerimentos. Um deles para deliberar sobre o apoio do novo partido à reeleição do presidente Jair Bolsonaro e outro para dar direito a voto no diretório nacional a todos os deputados federais e senadores. Os dois pedidos foram rejeitados. Além de Onyx, os ministros da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, que é filiado ao PSL, e ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, que é deputada licenciada pelo PL do DF, também estiveram no evento que sacramentou a fusão. História Herdeiro da Arena, partido que dava sustentação ao regime militar no País (1964-1985), o DEM esteve na base de apoio de todos os governos até as gestões petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff. No governo de Jair Bolsonaro, adota um discurso de independência, embora possua dois ministros – além de Onyx, Tereza Cristina, da Agricultura. No período da redemocratização, o partido dividiu com o MDB o título de maior força regional, com o domínio dos governos estaduais. Nas décadas de 1990 e 2000 e com o nome de PFL, o partido chegou a ter protagonismo no cenário político nacional, com líderes como Antonio Carlos Magalhães, avô do atual presidente do DEM, que foi presidente do Senado, Luís Eduardo Magalhães, tio de ACM Neto, que foi presidente da Câmara, e Marco Maciel, que exerceu o mandato de vice-presidente na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).  Durante os governos do PT na Presidência, a legenda passou a desidratar e em 2014 elegeu apenas 21 deputados. O movimento de debandada foi intensificado após o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab criar o PSD, que nasceu como uma dissidência do DEM que queria fazer parte da base do governo da então presidente Dilma Rousseff (PT). Em 2007, como forma de tentar renovar o partido, a sigla mudou o nome de PFL para DEM, mas seguiu sem protagonismo nacional. A relevância só foi recuperada em 2016, quando o deputado Rodrigo Maia (RJ) foi eleito para suceder Eduardo Cunha (MDB-RJ) na presidência da Câmara e nos anos seguintes com a presidência do Senado ocupada por Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG).  Nos últimos meses, a legenda perdeu nomes importantes como Maia, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, que foi para o PSD, e pode perder Pacheco, que também conversa com o PSD. O presidente do Senado não participou da reunião de hoje porque estava na Itália para participar de um evento do G-20, grupo das 20 maiores economias do mundo. Já o PSL viveu um movimento inverso. A sigla nasceu em 1998 e nunca teve expressão, vista  sempre como um projeto particular de Luciano Bivar.  O cenário mudou em 2018, quando PSL abrigou o projeto de eleição de Bolsonaro e passou a ter maior bancada da Câmara, elegeu quatro senadores e três governadores, além de conquistar a maior fatia dos fundos eleitoral e partidário. Em 2019, com o rompimento entre Bivar e Bolsonaro motivado por disputa de influência política e financeira, o presidente da República se desfiliou do partido. Já sem a presença de Bolsonaro e seu grupo, o PSL amargou um péssimo resultado nas eleições municipais de 2020.  Decisiva A nova legenda vai ter força para decidir votações importantes e ter peso significativo num eventual processo de impeachment de Jair Bolsonaro. Caso a nova sigla seja concretizada, vai desbancar o PT, que desde 2010 lidera o ranking de maiores bancadas na Câmara. Em 2018, foram 54 petistas eleitos. Hoje, o partido tem 53 deputados, empatado com o PSL.  Apesar da perspectiva de crescimento e de ser o maior partido do País, os articuladores da fusão já esperam dissidências. Pela legislação, o político pode sair de uma legenda sem perder o mandato em caso de fusão. A previsão é de que 25 dos atuais 53 deputados do PSL, ligados ao presidente Jair Bolsonaro, devem desembarcar na nova legenda. Também são esperadas as saídas de aliados de Bolsonaro no DEM. A união é vantajosa para o DEM por causa do aumento no caixa. A nova legenda terá cerca de R$ 158 milhões por ano de fundo partidário, dinheiro público que abastece as legendas para gastos que vão de aluguel de sede, pagamento de salários, aluguel de jatinhos, entre outros. Em comparação, o PT ganhou R$ 94 milhões dessa verba pública neste ano. Para o PSL, partido que cresceu repentinamente ao abrigar a eleição presidencial de Jair Bolsonaro em 2018, com quem depois rompeu, os principais atrativos são a capilaridade regional e estrutura que o DEM passa a oferecer.   Apesar de a presidência ficar com Bivar, ACM Neto afirmou em entrevista semana passada ao Estadão que as decisões

Dia do Prefeito e da Prefeita é celebrado em 6 de outubro

Eleitos a cada 4 anos para chefiar o Executivo local, os prefeitos e prefeitas são responsáveis por gerir os Municípios, zelando pela boa administração dos lugares onde vive nossa população. Em reconhecimento à grande responsabilidade da tarefa, em 6 de outubro é celebrado o Dia do Prefeito. A revista Prefeitos & Governantes parabeniza a todos e todas que cumprem essa importante missão. Especialmente neste ano, onde as dificuldades de recursos se somam ainda à crise sanitária da pandemia da Covid-19, a revista destaca a força do movimento municipalista e dos gestores que, diariamente, têm de tomar decisões visando à manutenção dos serviços públicos e à qualidade de vida de seus munícipes. Festa duplaAlém de 6 de outubro, também é comemorado o Dia do Prefeito em 11 de abril. Essa última data faz alusão ao dia em que foi criado o primeiro cargo de prefeito no Brasil – em 11 de abril de 1985, por meio da Lei 18, da então Assembleia Provincial Paulista. No Senado Federal, tramita o Projeto de Lei da Câmara 92/2017, aprovado pelos deputados federais, que define a comemoração anual do Dia do Prefeito em 11 de abril, para todo o país. A instituição da data comemorativa tem a proposta, entre outros objetivos, de criar “consciência em relação ao valor do Município para a organização política, social e econômica da nação”. Da Redação com informações da ACM e CNM Prefeitos & Governantes