Dia do Prefeito e da Prefeita

Eleitos a cada 4 anos para chefiar o Executivo local, os prefeitos e prefeitas são responsáveis por gerir os Municípios, zelando pela boa administração dos lugares onde vive nossa população. Em reconhecimento à grande responsabilidade da tarefa, em 11 de abril é celebrado o Dia do Prefeito e da Prefeita. A revista Prefeitos & Governantes parabeniza a todos e todas que cumprem essa importante missão. Da Redação com informações da ACM e CNM
Mara Gabrilli: sempre em frente!

No dia 21 de agosto de 1994, Mara Gabrilli estava em Trindade, Rio de Janeiro, acompanhada do namorado e do melhor amigo numa viagem de fim de semana. Durante a viagem na estrada, correndo um pouco mais do que devia, o namorado perdeu o controle do carro num trecho da serra chamado não por acaso “curva da morte”, e despencou 15 metros barranco abaixo. Durante uma das capotadas, Mara quebrou o pescoço. Desde então, ficou tetraplégica e depende de assistência 24 horas por dia, inclusive para mudar de posição na cama. Mas, apesar de toda essa situação, Mara seguiu em frente com a vida. Publicitária e psicóloga, Mara hoje é Senadora e conhece de perto os problemas enfrentados pelas pessoas com deficiência. A congressista se engajou na missão de proporcionar melhores condições de vida, locomoção, acesso, enfim, vida civil minimamente respeitável aos deficientes, e a participação política efetiva foi consequência natural deste processo. Na entrevista para a Revista Prefeitos & Governantes, Mara fala um pouco do seu trabalho como Senadora, o que tem feito e os desafios que têm encontrado. Confira! Prefeitos & Governantes – A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei nº 1998/2020, que define e regulamenta a prática da Telessaúde no país. Pode nos falar um pouco sobre essa emenda? Mara Gabrilli – Sempre defendi políticas de prevenção já que um número bastante alto de deficiências são evitáveis por meio de ações e atendimentos apropriadas na saúde. Por isso, foi uma grande conquista a manutenção da emenda de minha autoria que acrescentou o aprimoramento do atendimento neonatal no SUS por meio da oferta de ações e serviços de prevenção de danos cerebrais e sequelas neurológicas em recém-nascidos, inclusive pelo serviço de telessaúde. Os deputados acataram a nossa emenda o que vai ajudar a evitar deficiências, que podem ser bastante graves com sequelas físicas, sensoriais e intelectuais, em recém-nascidos. Para nós, esse passo foi muito importante porque a telessaúde pode contribuir demais para melhorar as condições de atendimento a quem mais precisa, especialmente em regiões mais distantes dos centros urbanos e intensificar os cuidados com as nossas crianças desde as primeiras horas de vida. Prefeitos & Governantes – Há algumas empresas que têm tecnologia para fazer o atendimento em UTI neonatal, porém são pouco vistas pelo poder público. Encontram dificuldade para investimentos nesse setor. Nesse sentido, o que a senhora verifica que é mais necessário fazer nos municípios? Mara Gabrilli – A tecnologia une os melhores especialistas e essa conexão deve cumprir o seu propósito. Temos que chegar, de fato, lá na ponta, em que realmente precisa. Creio que o maior gargalo enfrentado é exatamente este: democratização de acesso. Com o avanço das conexões rápidas, isso deve, paulatinamente, ser amenizado e o acesso ampliado. Segundo dados do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital (Saúde Digital Brasil), ajudar a quebrar as barreiras de acesso, envolver menores custos operacionais e exigir menos burocracia para execução, em um país em que saúde é um produto de demanda extremamente reprimida, são pontos favoráveis para o crescimento dos investimentos. Prefeitos & Governantes – A Telessaúde é uma constante agora, porém muitos estados ainda não conseguiram se adaptar. São Paulo, por exemplo, está com muita dificuldade ainda nesse sentido e é um dos estados mais ricos do país. O que falta para que efetivamente isso aconteça de verdade? Creio que toda nova tecnologia precisa vencer barreiras e se adaptar aos entraves encontrados durante o uso. E a pandemia exigiu de nós uma série de adaptações e com a telessaúde isso não foi diferente. Você citou São Paulo e muito me orgulha saber que o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) já conta com 450 ambulâncias equipadas com equipamentos para tele-eletrocardiograma. A utilização desses mecanismos em todo o país significaria uma redução dos casos de enfarte de 12% para 8% no país. Por outro lado, me choca saber que o Brasil ainda tem 18% dos postos de saúde sem conexão à internet, segundo a pesquisa TIC Saúde 2019, divulgada hoje pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação. Creio que o grande desafio de um país continental como o nosso é exatamente este, garantir e ampliar acesso. Prefeitos & Governantes – Mudando um pouco de assunto, para você, os acidentes de trânsito são a principal causa de pessoas com deficiência no país? Mara Gabrilli – A violência no trânsito é uma das principais causas evitáveis de deficiência. Estamos exatamente no mês de maio, mês em há projetos e iniciativas para reduzir acidentes de trânsito e evitar mortes conhecido como Maio Amarelo. Eu mesma fiquei tetraplégica em 1994 após um acidente em uma estrada. O Movimento Maio Amarelo é mundial e teve início em 2011, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou a Década de Ação para Segurança no Trânsito. A proposta é chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo. A campanha usa a cor amarela em referência ao sinal de advertência no semáforo, que simboliza a atenção necessária para a causa. Os últimos dados que temos sobre acidentes de trânsito e pessoas com deficiência estão defasados, são de 2019, mas ainda balizam as nossas percepções. Entre os anos de 2009 e 2019, o Seguro DPVAT pagou 4,5 milhões de indenizações a vítimas de acidentes de trânsito em todo o território nacional. Deste total, 3,2 milhões foram para pessoas que ficaram com deficiências permanentes, sendo que 75% dos indenizados (2,5 milhões de pessoas) estiveram envolvidos em ocorrências com motocicletas. Somente no primeiro semestre de 2019, mais de 155 mil indenizações foram pagas, 103 mil para pessoas que ficaram com deficiências permanentes. Os dados mais recentes da Polícia Rodoviária Federal mostram que o número de acidentes tem se mantido constante no país nos últimos anos. Em 2021, foram 64.518 acidentes, com 71.804 pessoas feridas e 5.393 mortas. No primeiro trimestre de 2022 ocorreram 14.976 acidentes nas rodovias federais do Brasil,