Violência nas escolas e os riscos para a Educação brasileira

Nos últimos dias foram noticiados o envolvimento de aluno de uma escola pública em São Paulo com aplicação de violência e que infelizmente vitimou uma professora. Estimulados pelo atual momento político do País, pelo poder das mídias sociais e pela divulgação na grande imprensa, os incidentes e suas consequências se tornou o principal assunto da rede. Cobra-se muito das escolas em relação aos desfechos destes casos para garantir que não haja reincidência, mas pouco tem se falado sobre a prevenção e as ferramentas que podem ser utilizadas para lidar com o assunto. Infelizmente, não há políticas que promovam um ambiente que tente eliminar esses desvios comportamentais ou, ao menos, reconhecê-los de forma precoce. Considerando que, em 2020, as escolas permaneciam com o sistema remoto de aulas, e, em 2021, a maioria retornou ao modelo presencial, em especial no segundo semestre, vemos que nesse período o volume de atos violentos tem aumentado. Os números comprovam a necessidade da somatória de esforços entre Governos Federal, Estaduais e Municipais em adotarem as ferramentas digitais para o combate de comportamentos que não são mais admitidos na sociedade e têm gerado resultados comprovados em organizações que utilizam esses recursos para reduzir incidentes. Já há instituições saindo à frente na adoção desses serviços, como tradicionais escolas no eixo Rio-São Paulo, que recebem em seus canais de denúncia relatos ou suspeitas de discriminação, bullying e até mesmo para a chamada “doutrinação”, termo utilizado para casos em que há o entendimento de que o professor extrapola a sua responsabilidade educacional para a persuasão sobre determinada linha, seja política, religiosa ou de modos. Indo além dos canais de denúncia, também vemos a adesão a serviços de monitoramento de mídias sociais em relação a esses comportamentos e que envolvam o nome da escola, de seus alunos e do corpo docente, assim como a promoção de constantemente treinamentos temáticos também se tornou realidade nessas instituições. Apesar do cenário difícil, a educação continua sendo o melhor caminho para o fim das discriminações em qualquer lugar, por isso a escola tem papel crucial nesta questão. Mas, enquanto não se pode garantir que 100% dos alunos internalizaram os conceitos de diversidade, cabe às instituições monitorarem de forma contínua para que sejam evitadas as exceções que acabam trazendo prejuízos reputacionais à instituição e à sua coletividade. Quando o grande responsável pela formação de uma sociedade mais justa acaba sendo o cenário de fatos lastimáveis como o ocorrido, a sociedade não deve economizar recursos para a normalização pretendida.

João Santana: do fantasma à fantasia

Quem se interessa pelos bastidores da política, sabe o que João Santana representa para o marketing político. Além de ser conhecido pela sua história com Lula e Dilma, é reconhecido por ser um estrategista de primeiro escalão. Hoje, João está com Ciro Gomes e estrategicamente aposta que os fantasmas do passado já morreram, mas as fantasias do passado ainda vivem. Jornalista, músico, escritor e publicitário: essas são algumas das qualificações do marqueteiro político baiano, que repaginou a política no Brasil. João foi responsável pela vitória da segunda eleição do ex-presidente Lula e pelas vitórias da ex-presidente Dilma. Em 2014, o adversário da sua cliente petista era o candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Aécio Neves. A ex-presidente da Esquerda não estava em seu auge, entretanto a leitura que Santana conseguiu fazer das dores da população potencializou a sua segunda eleição. A maior das dores: o medo de voltar ao passado nas mãos dos “tucanos”. Enxergando esse temor, João, em clima de campanha, passou a chamar os psdbistas de “Fantasmas do Passado” por meio de uma das ações publicitárias mais bem elaboradas da História do Brasil. Fazendo uma digressão, lembramos que no primeiro mandato de Lula, a economia do Brasil se fortaleceu. No segundo, sua imagem foi abalada pelo Mensalão. O primeiro de Dilma seria a continuidade de Lula, mas o segundo dela realmente seria uma incógnita, que Santana fez questão de gerir. No poder, os petistas prezaram por intensas políticas sociais, que permitiram que a população pudesse ter acesso às duas alegrias do brasileiro (segundo Lula): cerveja e churrasco. Para a opinião pública, voltar à época de Fernando Henrique Cardoso seria fantasmagórico, principalmente para a população mais pobre. E João Santana conseguiu entregar essa mensagem mais de 10 anos depois da experiência com o psdbista presidindo o país. No cenário atual, algumas posições mudaram. Primeiro, João agora está com Ciro. Em segundo lugar, os fantasmas do passado (PSDB) – hoje representados possivelmente por Doria, Leite, Tasso e Virgílio -, até então, são percentualmente irrelevantes quando se fala na eleição presidencial de 2022. Diante dessas mudanças, o marqueteiro precisou novamente fazer uma releitura – e o fez de forma brilhante. Para que haja um entendimento completo, é preciso discorrer sobre o Mito da Caverna, do filósofo grego Platão. Nessa metáfora, alguns homens ficam aprisionados em uma caverna desde a infância. Com isso, eles acreditam que aquele contexto cavernoso era a realidade da vida. Quando um deles consegue escapar e sair desse local sombrio, ele descobre que tudo que viveu foi uma ilusão. Descobre que existia um mundo “lá fora”.  É exatamente essa a mensagem que João Santana e Ciro Gomes lançam ao associar Lula às “Fantasias do Passado” por meio de conteúdos nas redes sociais. Tentam vender a ideia de que a carne, a cerveja e a miséria zero por tempo determinado foram tudo uma ilusão, uma solidariedade vertical. Existe sim um mundo verdadeiro e digno a ser vivido, mas não é esse que Lula quis apresentar na primeira década do século XXI. Alicerçado nesse novo slogan, Santana vai pondo em xeque as intenções do “pai dos pobres” que permitiu o brasileiro comer bem – marca registrada por Lula. O marqueteiro e estrategista de Ciro investe na mudança da consciência popular, mostrando novas dores e novos remédios para os problemas sociais, econômicos e outros, como a necessidade de escola boa, segurança pública, moradia, saneamento básico, saúde, emprego e bem estar com continuidade (discurso publicado no dia 14 de junho de 2021). Se nas mãos de Santana, os fantasmas caíram por terra de 2002 a 2014, para ele, chegou a hora de evoluir e derrubar as fantasias ainda presentes em 2021. Mais que um publicitário, João Cerqueira de Santana Filho é um protagonista da política brasileira e Ciro Gomes vem com tudo crendo que derrubará toda e qualquer fantasia que venha do seu atual e principal adversário: Luiz Inácio Lula da Silva. POR ARTHUR THEODORO Estrategista e redator atuante no marketing político, eleitoral e governamental. Qualificado em Ciência Política pelo VEDUCA-USP, bacharelando em Direito e Gestão Pública. Como consultor, tem experiência em campanhas eleitorais no estado de São Paulo.

O Brasil que queremos é o Brasil do futuro?

Durante muito tempo, o Brasil foi considerado o “País do Futuro”, que certamente estava se tornando uma potência na economia, preservação ambiental e até na política. Tivemos a chance de mostrar ao mundo nossas origens e diferentes culturas de forma criativa e respeitosa, o que gerava sempre uma expectativa que poderíamos gerar prosperidade ao nosso povo. A pergunta que fica é: Nos enganamos? Erramos? Calculamos mal? Por que nunca conseguimos sair da mesmice? Ficamos sempre com a impressão que temos que fazer tudo outra vez ou provar que estamos certos. O sentimento de esperança dá lugar a frustração. Obviamente, não podemos esperar que vivamos um mundo cheio de flores a todo o momento. É natural as dificuldades diárias se sobreporem, acompanhada muitas vezes de injustiças. Mas temos a certeza que o Brasil tem muito a oferecer. A crise política e econômica dos dias atuais começou em 2013, logo após o período de crescimento econômico iniciado no primeiro governo Lula. Milhões de pessoas, em sua maioria jovens, saíram às ruas exigindo um Brasil mais transparente, democrático e com melhores serviços públicos, sem corrupção e com oportunidades mais justas. Nessas mesmas manifestações, também houveram exageros e violência transmitidos pela imprensa. Ali, se perdeu uma enorme chance: o diálogo. Veio também a Copa do Mundo de 2014 com promessas inexequíveis e obras superfaturadas que terminou num nada saudoso 7×1. No mesmo ano, Dilma Rousseff foi reeleita por muito pouco e também iniciaram as investigações da Operação Lava-Jato que trouxe a luz um dos maiores escândalos de corrupção do mundo. Nos anos seguintes, mais problemas. O rompimento da barragem de Mariana em Minas Gerais que vitimou 18 pessoas e causou enorme impacto ambiental, social e econômico naquela localidade. Ficando dúvidas sobre a segurança da indústria de mineração e também a responsabilidades de seus respectivos exploradores. Em 2016, a Lava-Jato se aprofunda, junto veio uma crise política e econômica, o sentimento de uma crise moral se espalhava. Dilma e o PT não resistiram e a Presidente sofreu Impeachment sob a Liderança do Deputado Eduardo Cunha. As investigações chegaram ao Presidente Lula que acabou sendo preso. Os principais analistas políticos e econômicos faziam fé e calculavam que em 2018 seria eleito um candidato adepto ao liberalismo econômico, o que não passou de um sonho, pois o sentimento dos eleitores naquela eleição foi de total ruptura escancarada pela vitória de Jair Bolsonaro. Após tomar posse, Bolsonaro em entrevista disse que “seu governo não era para construir coisas, mas desconstruir”. Iniciou o mandato com um novo rompimento na Barragem de Brumadinho em Minas Gerais que infelizmente matou 270 pessoas. Mas os dados mais negativos foram o corte de verbas para a educação e a saúde, os aumentos das queimadas na Amazônia e no Pantanal. O presidente então, cada vez mais apoiava aos que se beneficiavam dessa destruição. A pandemia da Covid-19 foi um divisor de águas infelizmente. Morreram quase 700 mil pessoas. Poderiam ter sido muito menos se não houvesse a sabotagem do Governo Federal, classificado pelo presidente como uma “gripezinha”. O Ministério da Saúde era ocupado por um incompetente, mais preocupado em puxar o saco do que efetivamente comprar vacinas por exemplo. Como se não bastasse as excessivas mortes, tivemos um aumento da pobreza que provocou que milhões de pessoas, não apenas no Brasil, voltassem a sobreviver de doações, desnudando a nossa precariedade social. A violência continua sendo um câncer. É preciso repensar nossa forma de combatê-la, articulando com mecanismos sociais e econômicos. Apesar do negacionismo da Covid-19, das urnas eletrônicas, também pairou sobre nosso povo o medo e atos contra nossa democracia. Nossa sociedade ficou polarizada e uma ferida se abriu. Quem é um, não é o outro, fake News, xingamentos e palavras em tom bélico se tornaram parte do cotidiano, sem falar na captura equivocada da pauta de costumes e fundamentalismo religioso. Temos muitos desafios pela frente, são 61 milhões de brasileiros que estão em enormes dificuldades, seja da falta de trabalho, de acesso a assistência social e serviços públicos. Desses, 15 milhões estão na miséria passando fome. Num país que é tido como o maior produtor de alimentos do Mundo, chega a ser inacreditável. Nossa sociedade tem força para se reerguer, como sempre fez. O que precisa definir agora é se queremos continuar indo pra trás ou se quer dar um passo ao futuro com mais justiça e fraternidade? João Henrique de Almeida Consultor Político Foto: https://blog.editoracontexto.com.br/