‘Woke’? Termo gerou batalha cultural e política nos EUA

Ser ‘woke’ pode ser motivo de orgulho para parte da população estadunidense, mas pode ser ofensa para outros A palavra ‘woke’ voltou a ganhar relevância durante as eleições presidenciais de 2024 nos Estados Unidos, mas o termo vem sendo usado para definir parte dos eleitores, geralmente do partido Democrata, há alguns anos. A expressão remete à pessoa que ‘acordou’ para os problemas sociais, que está consciente das desigualdades sociais, raciais ou de gênero, por exemplo. Já para outra parte da população estadunidense, a expressão pode ser um grande insulto. “Acordei” é a tradução literal do verbo “woke”, mas com um sentido carregado de uma visão política mais progressista. Para os conservadores, o termo é usado como ofensa, ou até forma de deboche dos opositores. A palavra ganhou o sentido de “despertar” para problemas sociais. De acordo com a BBC, o uso de “woke” surgiu na comunidade afro-americana. E originalmente, ele queria dizer “estar alerta para a injustiça racial”. “Muitas pessoas acreditam que quem o cunhou foi (o romancista) William Melvin Kelley (1937-2017)”, disse Elijah Watson, editor de notícias e cultura do website de música norte-americana Okayplayer e autor de uma série de artigos sobre a origem do termo woke, à BBC. Um artigo publicado por Kelley em 1962 no jornal The New York Times tem o título If You’re Woke, You Dig it (“Se você estiver acordado, entenderá”, em tradução livre), segundo Watson. Mais recentemente, o termo voltou a ser falado após o movimento Black Lives Matter, motivado pelas denúncias de brutalidade policial contra pessoas negras nos Estados Unidos. Desta vez, a palavra se espalhou para além da comunidade e passou a ser usada também com um significado mais amplo sobre igualdade. O novo significado da palavra “woke” ganhou até um trecho no dicionário inglês Oxford, que descreve: “estar consciente sobre temas sociais e políticos, especialmente o racismo”. A descrição parece algo positivo, mas isso não é verdade para toda a população. Isso porque o termo passou a ser usado por pessoas que se autodefinem orgulhosas de serem “woke”, atentas contra a discriminação e injustiça. Mas a palavra também é usada como um insulto. O próprio dicionário Oxford faz esta distinção. Após a definição, ele acrescenta: “Esta palavra é frequentemente empregada com desaprovação por pessoas que pensam que outros se incomodam muito facilmente com estes assuntos, ou falam demais sobre eles, sem promover nenhuma mudança”. Neste caso, “woke” é uma palavra usada para referir-se a alguém politicamente liberal em temas como justiça racial e social, especialmente quando a pessoa é considerada insensata ou extremista. Isso significa que, para alguns, ser woke é ter consciência dos problemas da sociedade e questionar normas opressoras. Para outros, o termo descreve hipócritas, que acreditam ser moralmente superiores e querem impor ideias sobre os demais. Críticos da cultura woke questionam os métodos adotados por essas pessoas para acusá-los de serem misóginos, homofóbicos ou racistas. Daí vem também a cultura do “cancelamento”, uma espécie de boicote social e profissional, normalmente pelas redes sociais, contra pessoas que dizem algo considerado “intolerável”. Para as pessoas “woke”, trata-se de uma forma de protesto não violento e de exigir mudança de comportamentos considerados retrógrados. Já os críticos enxergam a cultura do cancelamento como um atentado à liberdade de expressão e “aos valores tradicionais norte-americanos”. PolíticaO uso da palavra “woke” rapidamente se tornou em um enfrentamento político. O termo virou um sinônimo para políticas liberais, ou de esquerda, que defendem a igualdade racial e social, feminismo, o movimento LGBTQIA+, uso de pronomes neutros, vacinação, ativismo pelo meio ambiente e o direito ao aborto. Nos Estados Unidos, esse tipo de ideologia é associada ao partido Democrata, do presidente Joe Biden e sua vice, Kamala Harris. Do outro lado, está o partido à direita, o Partido Republicano, liderado pelo presidente eleito Donald Trump. Ele e seus aliados acreditam que os valores democratas representam uma ameaça aos “valores da família”, e que haveria uma ameaça da “tirania woke”. A campanha de Trump foi pautada diversas vezes pelo combate aos “woke lefties” (esquerdistas despertos, em tradução livre), que praticam um suposto “fascismo de extrema esquerda”. Ele já afirmou que a “cultura do cancelamento está expulsando as pessoas de seus trabalhos e envergonhando os dissidentes”, acusou. Na campanha eleitoral deste ano não foi diferente. Trump disse que iria expulsar generais e militares “woke”. Para os democratas, Trump é o autoritário, o que ficou provado quando ele recusou deixar o poder após sua derrota eleitoral, e seus apoiadores invadiram o Capitólio. Outro crítico do movimento woke é DeSantis, que propôs em 2021 uma lei chamada “Stop-Woke” (Parem os woke, em tradução livre), que se tornou uma disputa judicial. A lei regula como o conteúdo sobre raça e gênero pode ser apresentado nas escolas da Flórida. ControvérsiasA cultura “woke” não tem apenas dividido opiniões entre a população, mas também gerado controvérsias dentro do próprio partido Democrata. Entre os críticos mais notórios está o ex-presidente Barack Obama, que, em 2019, às vésperas da escolha de Joe Biden como candidato, alertou que os mais jovens estavam focando excessivamente em medir o nível de “wokeness” das pessoas, especialmente nas redes sociais. “O mundo é desordenado. Existem ambiguidades. Pessoas que fazem coisas boas têm defeitos”, comentou ele em um evento da Fundação Obama. Em contraste, Alexandria Ocasio-Cortez (AOC), uma das parlamentares mais jovens e carismáticas do partido, defende que o “wokeísmo” é fundamental para temas como o direito ao voto e justiça social.  Em 2021, AOC criticou o uso do termo “woke” como um rótulo pejorativo e destacou que os ataques ao movimento muitas vezes buscam desviar o foco de causas importantes. Na mídiaO debate em torno do “wokeísmo” ultrapassou a política e permeou o mundo empresarial. A Gillette, por exemplo, causou polêmica em 2019 com um comercial contra comportamentos masculinos tóxicos, gerando aplausos e críticas ao ponto de ser boicotada por parte do público. O caso popularizou a expressão “Get woke, go broke” entre a direita americana. Outro exemplo é a Disney, que enfrentou retaliações de republicanos após se posicionar

Gestores municipais já podem encontrar a pontuação definitiva do programa ICMS Patrimônio Cultural exercício 2025 no site do IEPHA-MG

A tabela definitiva foi publicada no site do IEPHA-MG. O Governo de Minas, por meio da Secult-MG e o IEPHA-MG tem a alegria de anunciar que neste ano de 2024, 840 dos 853 municípios pontuaram no ICMS Patrimônio Cultural, o que representa 98,47% de participação, significando um grande alcance territorial do programa e o sucesso da política de incentivo, gestão e promoção do patrimônio cultural mineiro. De acordo com a Diretoria de Promoção, responsável pelo programa no Instituto, foram analisados em torno de 5.481 conjuntos documentais do ano de ação e preservação 2024/Exercício 2025 para análise pelo lEPHA-MG.   Os municípios pontuados recebem os recursos relativos a esta cota-parte do ICMS, conforme critérios da Lei Robin Hood, ao comprovarem que a política municipal de patrimônio cultural está bem estruturada, desenvolvida de acordo com as orientações propostas pelo IEPHA-MG, e com a participação da comunidade e dos Conselhos de Patrimônio Cultural, ações de proteção, conservação e promoção dos bens culturais.  Como receber os recursos: Para receber os recursos, o município, com a participação da comunidade deve construir e colocar em prática sua política de proteção ao patrimônio cultural desenvolvendo-a para que se efetive como política pública. A pontuação obtida ao cumprir esses critérios é informada pelo IEPHA à Fundação João Pinheiro, que calcula os valores a serem repassados mensalmente aos municípios participantes. O cálculo segue o estabelecido na lei n° 18.030/2009, que determina os critérios para distribuição da cota-parte do ICMS em Minas Gerais, incluindo o critério Patrimônio Cultural. Encontros virtuais e presenciais Este ano, o IEPHA-MG já realizou sete Rodadas do Patrimônio Cultural sendo 02presenciais e cinco virtuais, para tirar dúvidas dos gestores municipais e da sociedade em relação à política de patrimônio cultural do estado. Cada encontro, realizado no canal do Instituto no Youtube, atinge, em média, cerca de 700 municípios. Os vídeos gravados ficam disponibilizados no Youtube possuem grande alcance e já ultrapassam mais de 2 mil visualizações cada. Clique aqui para assistir as Rodadas Virtuais no canal do IEPHA-MGno Youtube. ICMS PATRIMÔNIO CULTURAL:28 ANOS DE UMA POLÍTICA DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO MINEIRO O ICMS Patrimônio Cultural, é um programa do IEPHA-MG que há 28 anos incentiva à preservação do patrimônio cultural do Estado. Ele funciona por meio de repasse dos recursos aos municípios que preservam seu patrimônio e suas referências culturais, através de políticas públicas relevantes. O Programa ICMS Patrimônio Cultural do IEPHA-MG é a política pública na área da preservação, conservação e gestão do patrimônio cultural mais importante já desenvolvida no Brasil. Este ano de 2024, 839 municípios receberam recursos advindos dessa política, cerca de R$51.032.594,00 (cinquenta e um milhões e trinta e dois mil e quinhentos e noventa e quatro reais) foram repassados entre janeiro e maio. Somente no ano passado (2023) foram destinados mais de R$140.000.000,00 (cento e quarenta milhões de reais) para os municípios. Nos últimos anos foram mais de R$320.000.000,00 (trezentos e vinte milhões) de repasse de recursos nessa área. Grande parte do dinheiro é destinado para que as cidades invistam na manutenção e conservação de seus bens materiais como casas, praças, igrejas, salvaguarda de patrimônios imateriais, ações de educação para o patrimônio cultural. O programa estimula as ações de salvaguarda dos bens protegidos pelos municípios por meio do fortalecimento dos setores responsáveis pelo patrimônio das cidades e de seus respectivos conselhos em uma ação conjunta com as comunidades locais. O repasse de recursos é feito através da redistribuição da parcela da receita do produto da arrecadação do ICMS pertencente aos municípios no Estado de Minas Gerais, é reconhecida nacionalmente como uma das políticas pioneiras e eficazes de municipalização da proteção do patrimônio cultural. Para o repasse dos recursos advindos do Critério do Patrimônio Cultural, os municípios devem comprovar que possuem ações de gestão para a preservação dos bens culturais locais. O IEPHA-MG é a instituição responsável por estabelecer, acompanhar e avaliar as diretrizes relativas ao referido critério para a efetivação do repasse de recursos aos municípios. A gestão e a definição das políticas de proteção do patrimônio cultural são ações municipais inerentes dos gestores públicos. O resultado desta política mostra que mais de 80% dos municípios mineiros contam, hoje, com um Conselho Municipal de Patrimônio Cultural atuante e, portanto, efetivam a gestão de seus bens culturais. ORIENTAÇÕES O Instituto oferece orientação técnica aos municípios, que pode ser feita pelo e-mail icms@iepha.mg.gov.br ou, também, em atendimento por telefone (31) 3235-2889 / 2891 ou Whatsapp: (31) 98208-2982 Veja como foi a participação do seu município na pontuação definitiva – exercício 2025 no site www.iepha.mg.gov.br. Fonte: Iepha Minas Gerais

Editais do Programa Cultural Murilo Mendes entram na reta final para se inscrever

Fonte: Prefeitura Juiz de Fora

A Prefeitura de Juiz de Fora informa que o prazo de inscrição para os três editais do Programa Cultural Murilo Mendes termina no próximo dia 31, quarta-feira. As regras de participação e os anexos estão disponíveis no link. O Programa Cultural Murilo Mendes busca fomentar ações e iniciativas artístico-culturais, individuais ou coletivas, promovidas por agentes culturais do município. Eventuais dúvidas sobre o processo devem ser encaminhadas por meio de mensagem para o WhatsApp (32) 98447-0403. Para concorrer ao fomento do programa, artistas, produtoras e produtores culturais da cidade devem obrigatoriamente estar inscritos no Cadastro Municipal de Agentes Culturais de Juiz de Fora (CAD Cultural) também até o dia 31 de julho. Basta acessar o link, preencher o formulário e anexar a documentação solicitada. Fonte: Prefeitura Juiz de Fora

Indústria cultural se torna peça-chave para G20: especialistas indicam intercâmbios e investimentos novos com outros países

Troca de experiências. Alunos e professores brasileiros e franceses percorrem ruas de Antonina, no Paraná, em projeto na área de arquitetura — Foto: Divulgação/GUILHERME FERNANDO PINTO. Fonte: O Globo

Diversidade é grande, mas integrantes do grupo têm questões comuns que o diálogo busca potencializar Parece promissor dizer que a economia criativa é responsável por 3,11% do PIB brasileiro, cresceu 4% em 2023 e emprega cerca de 7,5 milhões de pessoas — mas como essa renda chega até a ponta de quem vive disso? Quando se pensa no contexto dos integrantes do G20, a diversidade é grande — mas existem questões comuns que o diálogo busca potencializar. Na presidência brasileira, que se iniciou em 2023, os debates do grupo voltados à cultura já ocorreram em dois encontros e culminam com a cúpula de ministros em 8 de novembro, em Salvador. — Destacamos a cultura como geradora de emprego e oportunidades, a diversidade cultural como um direito humano essencial e a importância dos conhecimentos tradicionais e do multilinguismo na preservação da cultura e da memória — diz ao GLOBO a ministra da Cultura, Margareth Menezes. Enquanto o Brasil lança dia 7 de agosto sua Política Nacional de Economia Criativa, a Índia trouxe aos encontros medidas legislativas para reduzir as desigualdades no país e o Japão destacou sua tecnologia de arquivamento digital, para citar alguns exemplos. E já há promessas de investimento bilateral. Em junho, o Brasil enviou missão diplomática à Coreia do Sul e à China voltada ao setor de audiovisual. Voltou com boas notícias: os coreanos poderão apoiar um festival de cinema brasileiro em seu país e até instalar no Brasil um escritório de promoção de conteúdo K-Culture. E os chineses falam em apoio a coproduções com o Brasil e estímulo a cineastas e distribuidores para participarem de festivais. Capital semente Para quem milita nas artes no Brasil, o principal tema deveria ser as leis de incentivo. Um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) dá conta de que, para cada R$ 1 investido por meio da Lei Paulo Gustavo, R$ 6,51 retornaram na forma de movimentação econômica. Ainda assim, a oportunidade poderia ser mais bem aproveitada. — O setor cultural brasileiro permanece aprisionado à lógica dos editais, com poucas possibilidades de financiamentos de suas produções artísticas — lamenta o crítico de artes Ruy Filho. Uma solução poderia ser tornar as leis de fomento uma espécie de capital semente, que fosse o início de uma trajetória, não um fim em si mesmo, pondera Luiz Gustavo Barbosa, economista e professor da FGV. Enquanto isso, o setor privado oferece ferramentas como a “calculadora cultural”, plataforma digital criada pela Garimpo de Soluções e Asas Arte e Tecnologia, para que os próprios agentes culturais possam avaliar o impacto econômico de seus projetos. Fundadora da Garimpo, a economista Ana Carla Fonseca defende ainda a importância da geração de dados de forma contínua, que permita avaliar a evolução do setor. Ana Carla menciona também a importância da presença do poder público no plano cultural: — O soft power da cultura é uma realidade desde o século XIX em países como a França e a Inglaterra. Hoje, vemos como China, Coreia do Sul e Indonésia apostam em produtos culturais para se reposicionarem no mundo. No Brasil, há muita margem para a implementação de uma estratégia de forma mais articulada. Conhecimento técnico Quem se dispõe a trabalhar na área também precisa de muito conhecimento técnico. Esta é a missão de Giceli Portela, que capacita arquitetos para o restauro e conservação de bens de patrimônio histórico e cultural. Por meio de um intercâmbio entre a Universidade Tecnológica Federal do Paraná e a Escola de Paris Bellevue, um grupo de 15 alunos, dois professores franceses e cinco professores brasileiros passou dez dias em Antonina (PR) para um projeto do setor. — É um projeto longo, minucioso, que tem como objetivo deixar um método do trabalho de conservação e de restauro do patrimônio histórico para os arquitetos do Paraná — afirma ela. Os cinco projetos voltados para essa cidade histórica do litoral paranaense serão finalizados na França. Fonte: O Globo