Mara Gabrilli: sempre em frente!

No dia 21 de agosto de 1994, Mara Gabrilli estava em Trindade, Rio de Janeiro, acompanhada do namorado e do melhor amigo numa viagem de fim de semana. Durante a viagem na estrada, correndo um pouco mais do que devia, o namorado perdeu o controle do carro num trecho da serra chamado não por acaso “curva da morte”, e despencou 15 metros barranco abaixo. Durante uma das capotadas, Mara quebrou o pescoço. Desde então, ficou tetraplégica e depende de assistência 24 horas por dia, inclusive para mudar de posição na cama. Mas, apesar de toda essa situação, Mara seguiu em frente com a vida. Publicitária e psicóloga, Mara hoje é Senadora e conhece de perto os problemas enfrentados pelas pessoas com deficiência. A congressista se engajou na missão de proporcionar melhores condições de vida, locomoção, acesso, enfim, vida civil minimamente respeitável aos deficientes, e a participação política efetiva foi consequência natural deste processo. Na entrevista para a Revista Prefeitos & Governantes, Mara fala um pouco do seu trabalho como Senadora, o que tem feito e os desafios que têm encontrado. Confira! Prefeitos & Governantes – A Câmara dos Deputados aprovou  o Projeto de Lei nº 1998/2020, que define e regulamenta a prática da Telessaúde no país. Pode nos falar um pouco sobre essa emenda?  Mara Gabrilli – Sempre defendi políticas de prevenção já que um número bastante alto de deficiências são evitáveis por meio de ações e atendimentos apropriadas na saúde. Por isso, foi uma grande conquista a manutenção da emenda de minha autoria que acrescentou o aprimoramento do atendimento neonatal no SUS por meio da oferta de ações e serviços de prevenção de danos cerebrais e sequelas neurológicas em recém-nascidos, inclusive pelo serviço de telessaúde.  Os deputados acataram a nossa emenda o que vai ajudar a evitar deficiências, que podem ser bastante graves com sequelas físicas, sensoriais e intelectuais, em recém-nascidos. Para nós, esse passo foi muito importante porque a telessaúde pode contribuir demais para melhorar as condições de atendimento a quem mais precisa, especialmente em regiões mais distantes dos centros urbanos e intensificar os cuidados com as nossas crianças desde as primeiras horas de vida.  Prefeitos & Governantes – Há algumas empresas que têm tecnologia para fazer o atendimento em UTI neonatal, porém são pouco vistas pelo poder público. Encontram dificuldade para investimentos nesse setor. Nesse sentido, o que a senhora verifica que é mais necessário fazer nos municípios? Mara Gabrilli – A tecnologia une os melhores especialistas e essa conexão deve cumprir o seu propósito. Temos que chegar, de fato, lá na ponta, em que realmente precisa. Creio que o maior gargalo enfrentado é exatamente este: democratização de acesso. Com o avanço das conexões rápidas, isso deve, paulatinamente, ser amenizado e o acesso ampliado.  Segundo dados do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital (Saúde Digital Brasil), ajudar a quebrar as barreiras de acesso, envolver menores custos operacionais e exigir menos burocracia para execução, em um país em que saúde é um produto de demanda extremamente reprimida, são pontos favoráveis para o crescimento dos investimentos.   Prefeitos & Governantes – A Telessaúde é uma constante agora, porém muitos estados ainda não conseguiram se adaptar. São Paulo, por exemplo, está com muita dificuldade ainda nesse sentido e é um dos estados mais ricos do país. O que falta para que efetivamente isso aconteça de verdade? Creio que toda nova tecnologia precisa vencer barreiras e se adaptar aos entraves encontrados durante o uso. E a pandemia exigiu de nós uma série de adaptações e com a telessaúde isso não foi diferente. Você citou São Paulo e muito me orgulha saber que o   SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) já conta com 450 ambulâncias equipadas com equipamentos para tele-eletrocardiograma. A utilização desses mecanismos em todo o país significaria uma redução dos casos de enfarte de 12% para 8% no país. Por outro lado, me choca saber que o Brasil ainda tem 18% dos postos de saúde sem conexão à internet, segundo a pesquisa TIC Saúde 2019, divulgada hoje pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação. Creio que o grande desafio de um país continental como o nosso é exatamente este, garantir e ampliar acesso.  Prefeitos & Governantes – Mudando um pouco de assunto, para você, os acidentes de trânsito são a principal causa de pessoas com deficiência no país? Mara Gabrilli – A violência no trânsito é uma das principais causas evitáveis de deficiência. Estamos exatamente no mês de maio, mês em há projetos e iniciativas para reduzir acidentes de trânsito e evitar mortes conhecido como Maio Amarelo. Eu mesma fiquei tetraplégica em 1994 após um acidente em uma estrada. O Movimento Maio Amarelo é mundial e teve início em 2011, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou a Década de Ação para Segurança no Trânsito. A proposta é chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo. A campanha usa a cor amarela em referência ao sinal de advertência no semáforo, que simboliza a atenção necessária para a causa. Os últimos dados que temos sobre acidentes de trânsito e pessoas com deficiência estão defasados, são de 2019, mas ainda balizam as nossas percepções. Entre os anos de 2009 e 2019, o Seguro DPVAT pagou 4,5 milhões de indenizações a vítimas de acidentes de trânsito em todo o território nacional. Deste total, 3,2 milhões foram para pessoas que ficaram com deficiências permanentes, sendo que 75% dos indenizados (2,5 milhões de pessoas) estiveram envolvidos em ocorrências com motocicletas. Somente no primeiro semestre de 2019, mais de 155 mil indenizações foram pagas, 103 mil para pessoas que ficaram com deficiências permanentes. Os dados mais recentes da Polícia Rodoviária Federal mostram que o número de acidentes tem se mantido constante no país nos últimos anos. Em 2021, foram 64.518 acidentes, com 71.804 pessoas feridas e 5.393 mortas. No primeiro trimestre de 2022 ocorreram 14.976 acidentes nas rodovias federais do Brasil,

Desafios que a saúde pública tem enfrentado no Brasil

A falta de financiamento do SUS e a má distribuição de médicos nos municípios, estão entre as dificuldades A saúde pública no Brasil tem dois grandes desafios: encontrar formas de financiar o Sistema Único da Saúde (SUS) em meio ao teto de gastos e qualificar o atendimento em um cenário no qual brasileiros estão cada vez mais empobrecidos e dependentes de políticas públicas, após a pandemia de covid-19. O governo federal calcula que 100 milhões de brasileiros dependem de algum tipo de assistência. Além disso, o SUS é a única fonte de atendimento de 70% da população. Estudos mostram que, após ser criado, o sistema público de saúde reduziu mortalidade infantil, aumentou expectativa de vida e incrementou a cobertura vacinal — antes, pobres dependiam da assistência de Santas Casas e outras entidades. Nos próximos quatro anos, especialistas e gestores municipais destacam que o governo federal precisará expandir o atendimento para atender aos mais pobres enquanto reforça importantes programas que perderam verba, como o Farmácia Popular, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) e o “Mais Médicos” — este, em específico, o governo atual anunciou recentemente sua volta, só que dessa vez sem a participação de imigrantes. Todavia, o governo federal é pressionado pelo teto de gastos, pelos maiores custos com inflação e judicialização de pedidos, além de elevada demanda devido ao envelhecimento populacional e à fila de consultas e cirurgias represadas na pandemia. Os números mostram que o orçamento do Ministério da Saúde inflou nos dois primeiros anos da pandemia, mas enfrenta ressaca: o projeto de lei orçamentária de 2023 enviado pelo governo Jair Bolsonaro para aprovação do Congresso foi de R$ 146,4 bilhões em valores corrigidos pela inflação, a menor em dez anos e R$ 16,5 bilhões abaixo do orçamento da pasta deste ano, segundo estudo da consultoria técnica da Câmara e do Senado. O atual governo afirma que os cortes ocorrem para respeitar o teto de gastos, responsável por limitar investimentos do setor público. Em nota publicada, o Ministério da Economia diz que o orçamento enviado para o Congresso, foi feito “em contexto desafiador, em meio ao elevado nível de indexação e rigidez alocativa das despesas, o que obrigou a uma alocação de recursos conservadora”, mas que o Parlamento poderá alterar. Já o teto de gastos é uma emenda à Constituição que deverá ser respeitada. De 2018 até 2022, a medida fará o SUS deixar de receber quase R$ 36,9 bilhões, segundo estudo da Associação Brasileira de Economia em Saúde (ABrES). “O atual governo terá que rever programas cortados no governo passado. Temos um pós-pandemia com pessoas esperando atendimento e os mais pobres migrando ao SUS porque perderam planos de saúde. Senão, não vamos conseguir atender da forma equânime como gostaríamos”, alerta Diego Espindola, secretário-executivo do Conselho dos Secretários Municipais da Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems-RS). O envelhecimento da população brasileira aumentará em 11% as despesas em saúde pública entre 2017 e 2030, uma vez que mais idosos buscarão atendimento para doenças crônicas, mostra relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) entregue à equipe do governo federal. O documento aponta que o cenário é “desfavorável” à ampliação de gastos no SUS porque já há tendência de aumento da necessidade de recursos e que mais verbas usadas podem “agravar ainda mais a desassistência verificada na atualidade”. Os magistrados indicam que o SUS apresenta sinais de insustentabilidade e que, em 2030, a União gastará com saúde R$ 219 bilhões. Para cobrir o déficit assistencial, seriam necessários R$ 277 bilhões. Para evitar a piora de doenças crônicas entre brasileiros, sobretudo dos mais vulneráveis, o orçamento do Farmácia Popular deve ser “recomposto de imediato”, defende a vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Marília Louvison. Falta de recursos  Apenas 3,6% do orçamento do governo federal foi destinado à saúde em 2018. O percentual fica bem abaixo da média mundial, de 11,7%, de acordo com a OMS. Essa taxa é menor do que a média no continente africano (9,9%), nas Américas (13,6%) e na Europa (13,2). Na Suíça, essa proporção é de 22%. O estudo aponta que o gasto com saúde no Brasil é de 4 a 7 vezes menor do que o de países com sistema universal de saúde, como Reino Unido e França, e inferior ao de países da América do Sul em que saúde não é um direito universal, casos da Argentina e Chile.  Essa proporção não deve mudar muito pelos próximos anos, graças à Emenda à Constituição aprovada em dezembro de 2016, que limita o crescimento dos gastos públicos pelos próximos 20 anos ao percentual da inflação nos 12 meses anteriores. Esse congelamento dos gastos vai representar perdas de R$ 743 bilhões para o SUS no período, segundo estudo do Ipea. “O SUS está subfinanciado, uma situação agravada pela crise econômica e política do país”, avalia o pesquisador. “Mesmo como problemas de gestão, o dinheiro disponível não dá conta das necessidades do setor.” Falta de profissionais Outro grande desafio do governo federal é reforçar equipes de saúde do interior do país, salienta o Conselho de Secretários Municipais da Saúde do Rio Grande do Sul. A entidade destaca que o programa Médicos pelo Brasil, desenhado pelo governo Jair Bolsonaro (PL), não teve sucesso em enviar profissionais para postos de saúde de pequenos municípios como tivera o Mais Médicos. Um vazio de profissionais surgiu em diversas regiões. Dos 497 municípios gaúchos, 269 não recebem nenhum médico dos dois programas para atender à população, segundo levantamento do Cosems-RS. É o caso de cidades como Bom Jesus, Farroupilha, Feliz, Imbé e Guaporé. No lugar, prefeituras precisam arcar sozinhas com os custos de salários de profissionais, o que pressiona o caixa municipal. Dados do Conselho Nacional de Secretários Municipais da Saúde (Conasems) confirmam a queda na oferta de profissionais. Enquanto o Mais Médicos contratou quase 9,7 mil médicos no país, a versão do programa no governo Bolsonaro manteve 3,8 mil, diferença de 155% entre os programas. No

Ataque em Blumenau: prefeito Mário Hildebrandt faz pronunciamento

Um homem de 25 anos matou quatro crianças e feriu outras cinco hoje de manhã após invadir uma creche em Blumenau (SC) com uma machadinha. Após cometer o crime, o agressor se apresentou à Polícia Militar e foi preso. O ataque ocorreu no Cantinho Bom Pastor, uma creche privada. O prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, afirmou em entrevista coletiva que uma mãe optou por resgatar o filho e levar ao hospital por conta própria. Segundo o prefeito, quatro crianças morreram no ataque, três meninos e uma menina, entre 5 e 7 anos. Outras cinco crianças ficaram feridas, uma em estado grave, e levadas ao Hospital Santo Antônio, na cidade catarinense. A mãe, que morava próximo à creche, Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, no Vale do Itajaí, soube do ataque e preferiu levar o filho por conta própria para uma unidade de saúde. “A cidade está prestanto todo o apoio possível aos familiares, estamos tentando consolar e apoiar as damílias. Nós sugerimos ao estado suspender as aulas no dia de hoje e amanhã para que tenhamos condição de apoiar quem perdeu seus entes. Blumenau vai decretar luto de 30 dias para apoiar as famílias, a creche e os professores da rede municipal e estadual”, disse o prefeito.

Arranjo de Lula para dar dinheiro ao Congresso dribla STF ao simular emendas

Ministros do governo federal aguardam orientação da articulação política para usar verba das próprias pastas O arranjo desenhado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para negociações políticas com o Congresso prevê que dinheiro dos ministérios seja usado como se fosse emenda parlamentar —num drible à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que proibiu o pagamento das chamadas emendas de relator. Após herdar R$ 9,8 bilhões com o fim das emendas de relator, o governo Lula criou um novo mecanismo para destinar verbas ao Congresso Nacional e ampliar sua base de apoio. Também estabeleceu que, para gastar o dinheiro, os ministérios deverão seguir orientação da articulação política do Palácio do Planalto. O governo chegou a colocar um carimbo específico (código A4) para esses recursos, para formalizar e organizar os pagamentos. Esse dinheiro foi dividido entre sete ministérios indicados pelo relator do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI). O acordo político envolveu as cúpulas da Câmara e do Senado e foi chancelado por Lula. Dessa forma, o relator manteve a influência sobre uma parcela bilionária do Orçamento. As emendas de relator foram a principal moeda de troca entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o Congresso Nacional. Agora, além de criar o novo código para o dinheiro que será enviado ao Legislativo, Lula estabeleceu que os pagamentos deverão seguir orientação da articulação política do Palácio do Planalto. Cada órgão deverá observar “diretrizes e procedimentos a serem estabelecidos pela Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República [de Alexandre Padilha, responsável pelas negociações com o Congresso e liberação de emendas] quanto à destinação e execução” da verba, diz uma portaria publicada em março. A ideia é detalhar como os ministérios poderão usar o dinheiro e determinar como irão divulgar os nomes de quem apadrinhou o envio de dinheiro —seja deputado, senador ou até mesmo prefeito. A rubrica A4 criada também facilitará que o Planalto opere e monitore os repasses feitos por intermédio de parlamentares ou grupos políticos. Nas negociações de Bolsonaro, as emendas de relator também tinham um código (RP9). Os atos do governo formalizam a participação do Planalto na operação montada para manter o Congresso com o controle da fatia bilionária que teria em 2023 se não fosse a decisão do Supremo. A SRI (Secretaria de Relações Institucionais) afirma que, como ainda não houve nenhum gasto dessa quantia de R$ 9,8 bilhões, “não se pode afirmar, a qualquer pretexto, que houve distribuição nem execução desses recursos, ainda mais sem a transparência adequada, o que atesta o cumprimento dos compromissos assumidos pelo presidente Lula durante a campanha eleitoral“, quando ele atacou a falta de transparência das emendas de relator na gestão Bolsonaro. Integrantes do governo afirmam que o petista teve que cumprir um acordo político com o Congresso após o fim das emendas de relator e que ir contra a vontade dos parlamentares criaria mais barreiras para Lula formar uma base aliada. Em dezembro, o Supremo decidiu que era inconstitucional que o relator do Orçamento fizesse modificações nas contas “para efeito de inclusão de novas despesas públicas”. Nos últimos três anos de seu governo, Bolsonaro deu aval para que o Congresso tivesse mais poder sobre gastos por meio das emendas de relator, o que ampliou o apoio parlamentar ao ex-presidente. Quem ocupava a função de relator do Orçamento incluía despesas que, na prática, atendiam a interesses de aliados das cúpulas da Câmara e do Senado. Por 6 votos a 5, o STF decidiu que omitir a lista de deputados e senadores beneficiados por essas emendas era inconstitucional. Além disso, ficaram proibidas as mudanças feitas pelo relator para expandir despesas públicas. Antes do julgamento, o relator Marcelo Castro já havia previsto quais ministérios receberiam os R$ 19,4 bilhões reservados para emendas de relator neste ano. Num acordo entre os líderes do centrão e interlocutores de Lula, chancelado em dezembro, quase metade (R$ 9,6 bilhões) foi redirecionado para ampliar as emendas individuais, aquelas que todos os deputados e senadores têm direito. O restante (R$ 9,8 bilhões) foi para o caixa de ministérios do governo. Embora não seja formalmente emenda parlamentar, essa quantia tem sido tratada como tal. Da Redação

Municípios devem habilitar Fundo Municipal de Saneamento Básico para receber repasses 

Se o seu município ainda não é habilitado pela Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG) para receber repasse através do Fundo Municipal de Saneamento Básico (FMSB), saiba o que é preciso fazer para conseguir viabilizar esse importante recurso. Ele é um fundo especial que representa fonte regular de recursos para a realização de projetos e programas referentes a serviços de saneamento básico, tais como abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo de águas pluviais.  O repasse aos fundos municipais de saneamento é uma iniciativa pioneira da Arsae-MG e cumpre seu papel legal e social de agência reguladora, uma vez que os mecanismos de implantação de políticas redistributivas são reconhecidamente essenciais para o alcance da universalização dos serviços. Com a habilitação, o município pode receber até 4% da receita líquida dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário. Os repasses aos mais de 300 municípios habilitados pela Agência, até 2023, superaram R$ 14 milhões mensais, em torno de R$ 168 milhões anuais.  O gerente de fiscalização econômica da Arsae-MG, Rômulo Soares Miranda, explica que, por meio dos fundos de saneamento, a Agência viabiliza recursos que permitem investimentos e ações de saneamento nos municípios regulados por ela e ainda se aproxima dos municípios, de forma a garantir que os valores sejam efetivamente revertidos para o setor de saneamento. “Dessa forma, garantimos a participação social por meio dos conselhos municipais de saneamento, além de planejamento para o setor, por meio dos planos municipais de saneamento e permitimos que os próprios municípios definam suas prioridades de investimentos”, explica.  Como solicitar a habilitação  A solicitação de habilitação poderá ser feita a qualquer momento pela prefeitura municipal, titular dos serviços delegados ao prestador regulado pela Arsae-MG. Contudo, o recebimento dos recursos só ocorrerá no ajuste tarifário posterior ao ano de habilitação.  No ato da solicitação, a prefeitura municipal deve enviar para a Arsae-MG os seguintes documentos:  I – ofício com a solicitação do reconhecimento tarifário de repasse a fundo municipal de saneamento, contendo percentual expresso da receita do prestador no município a ser repassada ao fundo;  II – cópia da lei que institui o Fundo Municipal de Saneamento receptor do repasse;  III – cópia do Plano Municipal de Saneamento Básico em vigor e respectiva lei que o estabelece;  IV – cópia da publicação oficial da designação dos membros do Conselho Municipal previsto no inciso III do art. 2º desta resolução;  V – declaração da conta bancária de movimento específica do Fundo Municipal de Saneamento, na qual está autorizado o crédito do repasse.  Como encaminhar a documentação  A documentação pode ser encaminhada por meio físico ou de forma digital. No caso de envio físico, encaminhar a documentação para o endereço da Arsae-MG, que fica localizada na Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, Rodovia João Paulo II, n° 4001 – Prédio Gerais, 5º andar – Serra Verde – Belo Horizonte/MG. CEP: 31630-901. Caso o envio seja de forma digitalizada, ele deverá ser feito para o endereço eletrônico: gabinete@arsae.mg.gov.br. Nesse caso, é importante confirmar o recebimento dos arquivos. Além disso, arquivos superiores a 20Mb devem ser encaminhados em mais de uma mensagem por limitação do servidor de e-mail.  A Arsae-MG disponibiliza, em seu sítio eletrônico, modelos de ofício de solicitação de habilitação, declaração de conta bancária e modelo de lei de constituição de fundo especial (sugerido pela Fundação Nacional de Saúde – Funasa), para auxiliar os municípios no processo de habilitação. Além disso, há um check-list da documentação e itens avaliados para habilitação do fundo. Para conferir, acesse aqui.  Da Redação Fonte: Agência Minas Reguladora

Ministro da Educação apresenta ações do governo federal para gestores municipais

Camilo Santana participou do painel “Novo Governo: debate com ministros”, realizado nesta quarta-feira, durante a 24ª Marcha dos Prefeitos O ministro da Educação, Camilo Santana, participou do painel “Novo Governo: debate com ministros”, durante a 24ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, no dia 29 de março. No evento, realizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), Camilo tratou de temas como alfabetização na idade certa, repasse de recursos para obras escolares e programas educacionais, conectividade, piso do magistério e qualidade da formação inicial de docentes. O ministro estava acompanhado da presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Fernanda Pacobahyba; da secretária-executiva do MEC, Izolda Cela; e da secretária da Educação Básica (SEB), Katia Schweickardt. Em seu discurso, Camilo Santana ressaltou o compromisso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com a educação básica brasileira. E discorreu sobre a importância de a política educacional ser uma ação de Estado e não de governo, para que se tenha continuidade, independentemente de mudança política. “Educação não pode ter limite de teto de gasto. Educação tem que ser prioridade nesse país. Educação é o grande caminho para transformar qualquer nação.” O ministro também citou a pesquisa que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia vinculada ao MEC, está desenvolvendo para ouvir professores alfabetizadores para compreender os conhecimentos e as habilidades de uma criança alfabetizada. O objetivo é subsidiar, com parâmetros técnicos claros, o planejamento e a execução de uma política nacional de alfabetização na idade certa. “Precisamos definir o que é uma criança alfabetizada ao final do 2º ano do ensino fundamental. Essa é uma ação que já está em andamento”, explicou. Outra pauta abordada foram os repasses financeiros para obras de infraestrutura educacional e programas educacionais, que são realizados por meio do FNDE, como o Programa Nacional da Alimentação Escolar (Pnae), que teve aumento nos valores divulgado no início deste mês – entre 28% e 39% –, após seis anos sem correção. Camilo Santana também adiantou que haverá reajuste nos recursos do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate) e do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Sobre as construções escolares, o ministro pediu a todos os entes federativos para que mantenham as medições atualizadas no Sistema de Monitoramento, Execução e Controle do MEC (Simec). “Todos estamos pagando as medições que estão no FNDE atrasadas. Para vocês terem uma ideia, estamos encerrando este mês com quase R$ 604 milhões pagos em medições atrasadas. Isso significa o mesmo valor que o governo passado pagou em todo o ano de 2022.” No mesmo sentido, a presidente do FNDE, Fernanda Pacobahyba, afirmou que uma das preocupações da autarquia é manter a cadência no repasse de recursos para construções escolares em execução. “A primeira coisa é não prejudicar as obras que estão em andamento”, destacou. Obras inacabadas – No discurso de ontem, Camilo Santana também assegurou a retomada de obras inacabadas e paralisadas em todo o Brasil, com atualização dos valores. “Aqueles municípios que estejam com os contratos encerrados, nós vamos reativá-los para garantir que todas as obras de creches e escolas sejam concluídas neste país.” Conectividade – Sobre a conectividade das escolas, o ministro afirmou aos prefeitos que o presidente Lula pretende, até o final do seu mandato, que todas as escolas públicas estejam conectadas à internet de banda larga, com equipamentos adequados. “Para que aluno e professor possam ter uma plataforma digital que permita um reforço para esses jovens e essas crianças em todas as escolas públicas.” Piso – Ao ser questionado sobre o piso do magistério, Camilo Santana pontuou aos prefeitos que há uma necessidade de diálogo para a construção de um consenso. “Eu sou um grande defensor da valorização dos professores e não tenho dúvida que todos vocês também são. Porque, se a gente não valorizar aquilo que é mais importante para garantir a qualidade da formação, a gente não alcança o nosso objetivo”, assegurou. Formação de professores – O ministro ainda tratou dos indicadores de qualidade da educação superior apresentados pelo Inep, na última terça-feira, 28, e alertou a todos sobre a necessidade de investir na pauta qualidade da formação inicial dos docentes. Para isso, o Ministério da Educação criou a portaria que institui um Grupo de Trabalho para propor políticas de melhoria da formação inicial de professores. Da Redação

STF vota para manter punições a candidatos que se beneficiam de fraude à cota de gênero

A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou para rejeitar uma ação que buscava afrouxar punições aos candidatos que acabam se beneficiando de fraudes na regra do percentual mínimo de candidaturas femininas nas eleições. Desde a última sexta-feira (24), a Corte julga uma ação do partido Solidariedade que questiona pontos da legislação eleitoral que permitem que as punições à fraude da cota de gênero sejam aplicadas sobre todos os candidatos beneficiados – mesmo aqueles que não tenham participado diretamente da elaboração e prática do esquema irregular. O julgamento ocorre no plenário virtual, plataforma eletrônica onde os ministros apresentam seus votos sem a necessidade de uma sessão presencial ou por videoconferência. Se não houver pedido de vista ou de destaques, o julgamento terminará nesta sexta-feira (31). A ministra Rosa Weber, presidente da Corte, é a relatora do caso. Para a magistrada é necessário garantir a punição de todos os envolvidos e beneficiados. No voto, a ministra afirmou que a fraude à chamada cota de gênero nas eleições é “ato de extrema gravidade” por violar princípios constitucionais e ter “efeito drástico e perverso na legitimidade, na normalidade e na lisura das eleições e na formação da vontade do eleitorado”. “Há, nessa circunstância, uma competição ilegítima pelo voto popular”, escreveu a ministra. “Dispor sobre cotas de gênero, mas não aplicar a devida punição a todos os beneficiados torna inócua e sem razão de ser a legislação”, completou. Acompanharam o voto de Weber os ministros Ricardo Lewandowski, André Mendonça, Luiz Edson Fachin e Dias Toffoli; e a ministra Cármen Lúcia. Legislação A cota de gênero está prevista na Lei de Eleições. A regra, aprovada pelo Congresso, estabelece um percentual mínimo de 30% de candidaturas femininas a serem lançadas por cada partido nas eleições. Em 2019, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabeleceu um entendimento de que, quando houver irregularidade em relação à cota, devem ser cassadas as candidaturas de todos os beneficiados dentro do partido ou coligação infratora. O Solidariedade acionou a Corte contra a regra argumentando que a punição não deveria atingir o candidato que não participou dos planos irregulares. A ministra Rosa Weber pontuou que, na prática, todos os candidatos acabam se beneficiando da fraude – mesmo não tendo participado dela diretamente. “Esse tipo de expediente fraudulento ocasiona grave desequilíbrio entre os players em disputa, tendo em vista que os fraudadores – partidos e candidatos – registram mais candidaturas do que o admitido em lei e aqueles que seguem as regras do jogo democrático se veem na contingência de fomentar a participação feminina na política e, em último caso, lançar menos candidatos. Evidente, pois, que todos se beneficiam das fraudes perpetradas e que a legitimidade, a normalidade e a lisura do pleito são substancialmente afetadas”, apontou a magistrada. Para a ministra, atender ao pedido do partido teria como efeito um incentivo ao descumprimento da cota. “Não cabe a nós, no presente momento, após ligeiro avanço legislativo e jurisprudencial, dar passo atrás e mitigar a coerção estatal que, como visto, se faz necessária.” “Assim, a fraude perpetrada por alguns, mas que traz proveito a todos, continuaria produzindo regularmente seus efeitos em relação aqueles não diretamente envolvidos”, completou Rosa Weber. Da Redação

STF admite serviços de transporte sem licitação

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) validou normas que permitem o oferecimento de serviços interestaduais e internacionais de transporte terrestre coletivo de passageiros sem procedimento licitatório prévio. Ou seja, empresas como Buser podem operar apenas com uma simples autorização. A decisão foi tomada nesta quarta-feira (29). Na semana passada, o STF já tinha formado maioria favorável a isto. A análise da questão foi retomada nesta quarta com o voto divergente da ministra Cármen Lúcia, para quem o transporte rodoviário interestadual de passageiros exige licitação prévia. Ela considera que a desregulamentação e a vagueza de conceitos nas normas sobre o tema não geram liberdade de competição, mas ausência de controle no processo de escolha do prestador de serviço. Por maioria, a Corte entendeu, no entanto, que o atual regime que regula o uso da autorização no setor aumenta a eficiência na prestação desse serviço essencial e relevante ao bem-estar da sociedade. A matéria foi julgada na análise das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 5549 e 6270, apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pela Associação Nacional das Empresas de Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros (Anatrip), respectivamente, para questionar dispositivos da Lei 12.996/2014.