Polarização política na sociedade é uma farsa?

A falsa polarização política da sociedade faz parte da cena eleitoral. Compõe-se de narrativas que subgrupos políticos hegemônicos, oficiais e antioficiais, esgrimem na disputa, para demonstrarem centralidade e protagonismo nos respectivos campos, com a finalidade de se enfrentarem ao final, com o apoio de facções satélites. A grande massa oscilante da sociedade vive outro tipo de polarização. Na realidade, salvo despistados, manipulados ou interessados nas sobras de poder, a grande polarização ocorre entre o topo e a base da pirâmide social, entre ricos e pobres, na qual se subtraem dos pobres seus potenciais de desenvolvimento cognitivo, emocional e material. No topo, encontra-se o 1,5% da população, com 47,5% da riqueza. Esse coletivo não tem ideologias políticas; mas interesses e a obsessão por incrementar sua opulência, poder e a manipulação sobre os demais e seus pertences. Na base, encontram-se 39,5% da população, que subsistem com 0,5% da riqueza; sem condições, portanto, de processarem ideologias partidárias, pois estão, necessariamente, absortos por suas carências cotidianas. Não são de direita ou de esquerda, são necessitados. Movem-se na vida por seu instinto de sobrevivência. Logo acima, também na faixa da pobreza, menos miserável que a base, estão 42,7% da população, com 12,6% da riqueza. Neste contingente, distinguem-se os mais miseráveis, da parte de baixo, dos menos miseráveis, da parte de cima, que, com menores restrições, podem alcançar o nível de minivivência ou de mediovivência. Na faixa superior, encontram-se os mais beneficiados pela ordem estabelecida, representantes dos interesses superiores, que repassam os comandos do alto para os escalões menores e defendem suas regalias. São 16,3% da população, com 39,4 da riqueza (UBS, The global wealth pyramid 2023, “in” Global Wealth Report 2024). Os superricos, do alto, controlam todos os subsistemas vitais da sociedade. Sócios majoritários do mundo, controlam a vida e os bens (riqueza/pobreza) das clases inferiores. No comando do subgrupos oficiais, manipulam as finanças, as indústrias, as mídias, as informações e os governos, nacionais e internacionais. Por meio de sipaios, alocados em instituições estratégicas estatais e paraestatais, ocultos no anonimato, direcionam políticas públicas financeiras, monetárias, econômicas, políticas, judiciárias, bem como relacionadas à educação, à saúde, à segurança, à produção, ao consumo, à comunicação, além dos demais setores da vida social. Promovem crises, guerras ou paz aos seus intereses ou humores. Nas subpirâmides do poder, em escalas sociais inferiores, públicas e privadas, os senhores do andar de cima, em diferentes perspectivas e variadas estratégias sub-repitícias, controlam os poderes, a democracia e os partidos políticos. A seu mando, em qualificados e bem remunerados laboratorios, criam-se e se difundem, em midias sob cabresto, conceitos falaciosos, que confundem e perturbam o proceso eletivo, para marginalizar ou excluir indesejáveis e favorecer aliados de ocasião. Neste rol, desnuda, está a falsificação política da polarização, da qual se fala e se propaga. Em resumo, a polarização da sociedade não passa de malabarismo verbal, falácia, mentira, engodo, que promovem narrativas personalíssimas ou de grupos que aspiram conquistar postos políticos em jogo ou privilégios na estrutura do Estado. Não houve nos últimos pleitos, e não há na atualidade, quaisquer projetos ou modelos antagônicos em confronto, além de narrativas vazias, placebas ou paliativas, que possam modificar na sua essência, para melhor, ou polarizar, as precárias condições de vida da esmagadora maioria da população.Publicidade É necessário e urgente que se arranque essa máscara da polarização política da sociedade. Cabe aos agentes políticos de toda a ordem, conscientes do seu mister, acabar com essa fake news. Fonte: Congresso em Foco – Portal UOL

As redes sociais geraram a polarização política?

Imagem: IA por Alexandre Borges. Fonte: O Antagonista

A pesquisa do Gallup revela tendências importantes na política americana que podem se refletir globalmente Uma pesquisa recente do Gallup revelou uma queda significativa na identificação dos eleitores americanos com os partidos Democrata e Republicano, além de variações nas taxas de aprovação presidencial ao longo dos anos. Essa tendência pode se expandir para outras democracias, incluindo o Brasil, e está fortemente ligada ao papel crescente das redes sociais na vida política. A pesquisa, baseada em dados da Gallup, uma das fontes mais respeitadas em pesquisas de opinião pública, mostrou que a porcentagem de americanos que se identificam como democratas caiu de 31% em 2016 para 23% em 2024. De forma similar, a identificação com o Partido Republicano diminuiu de 28% para 25% no mesmo período. As taxas de aprovação presidencial também mostraram queda: Barack Obama registrava 50% em 2016, enquanto Donald Trump caiu de 42% em 2018 para 39% em 2020, e Joe Biden teve 41% em 2022, caindo para 38% em 2024. A metodologia do Gallup inclui entrevistas com adultos americanos usando uma amostragem aleatória de números de telefone fixo e celular, conduzidas em inglês e espanhol. As amostras são ponderadas para corrigir inconsistências e ajustar para a dupla cobertura de usuários de telefone fixo e celular, garantindo que os resultados representem a população dos EUA em termos de gênero, idade, raça, educação, região e densidade populacional. O Impacto das Redes Sociais As redes sociais têm emergido como um fator crucial nessa transformação política. Jonathan Haidt, em seu ensaio “Por Que os Últimos 10 Anos da Vida Americana Foram Incrivelmente Estúpidos”, argumenta que as plataformas sociais fragmentaram o discurso público e aumentaram a polarização. Ferramentas como “curtir” e “compartilhar” no Facebook e o “retweet” no X, antigo Twitter, amplificam o viés de confirmação, levando as pessoas a se fixarem em informações que reforçam suas crenças prévias, dissolvendo a confiança nas instituições e fragmentando a cultura compartilhada que mantinha a democracia unida. Jean Twenge, autora de “iGen: Por que as Crianças Superconectadas de Hoje Estão Crescendo Menos Rebeldes, Mais Tolerantes, Menos Felizes – e Completamente despreparadas para a Idade Adulta”, destaca que o uso intensivo de smartphones e redes sociais está correlacionado com o aumento da ansiedade, depressão e automutilação entre os jovens, especialmente entre as meninas. Ela sugere que essas plataformas criam bolhas informacionais que alimentam a polarização política, afastando ainda mais os eleitores dos partidos tradicionais. Twenge defende uma regulamentação mais rigorosa das redes sociais, como aumentar a idade mínima para uso de 13 para 16 anos, para mitigar esses efeitos negativos. Max Fisher, em seu livro “A Máquina do Caos: Como as Redes Sociais Tornaram o Mundo um Lugar Pior”, explora como os algoritmos das redes sociais manipulam o comportamento humano, exacerbando divisões e conflitos para manter os usuários engajados. O autor destaca que essas plataformas têm sido usadas para espalhar desinformação e incitar violência, comparando seu impacto ao da indústria do tabaco. Fisher sugere que futuras gerações podem ver nossa era digital com incredulidade devido aos danos causados. A pesquisa do Gallup revela tendências importantes na política americana que podem se refletir globalmente. As redes sociais têm exacerbado a polarização e fragmentado o discurso público, contribuindo para a queda na identificação partidária e influenciando a percepção dos eleitores. Fonte: O Antagonista