Plano estratégico da Enel diminui investimentos na América Latina até 2026, em meio a eventos climáticos extremos

Enquanto milhares de pessoas seguem sem luz na região metropolitana de São Paulo, ações na bolsa italiana começam semana em alta Mais de 1,5 milhão de pessoas na região metropolitana de São Paulo estão sem energa elétrica desde o apagão nos serviços da empresa italiana Enel na última semana, por conta das fortes chuvas que atingiram a região. É o segundo ano consecutivo que a capital paulista e cidades adjacentes vivem o caos por conta da falta de planejamento da rede concessionária para mitigar os danos provocados por eventos climáticos extremos ou não habituais. Enquanto milhares de consumidores seguem sem resposta sobre quando suas casas serão abastecidas novamente, a Enel segue o plano estratégico que montou para o biênio 2024-2026: reduzir seus investimentos na América Latina, ao mesmo tempo em que vê suas ações subindo na Europa. A corporação anunciou um investimento total de 35,8 bilhões de euros em seu plano estratégico 2024-2026, abaixo dos 37 bilhões de euros registrados para o período 2023-2025. Boa parte desse montante (18,6 bilhões de euros) seria direcionado para o segmento de redes, enquanto cerca de 12,1 bilhões seriam direcionados para energias renováveis e cerca de 3 bilhões seriam para o que a empresa chama de “clientes”. Seis países estariam no foco de investimentos: Itália, Espanha, Brasil, Chile, Colômbia e Estados Unidos. Segundo o plano divulgado em novembro de 2023, a Enel planejava investir o equivalente a 19% de seu capex bruto total na América Latina e 7% nos Estados Unidos, principalmente em redes, ao mesmo tempo “em que se posiciona em um estágio inicial para a liberalização progressiva do negócio de varejo”. Como lembra reportagem do site Megawhat, o valor é menos da metade frente aos 45% destinados às regiões entre 2020 e 2022. A justificativa para a redução foi o “reequilíbrio, após anos de investimento intenso na região”. O gráfico abaixo afirma que a Enel buscaria fazer uma alocação de capital otimizada “com base em uma abordagem de matriz país/negócio”. No caso da América Latina, a empresa destacou o aumento de demanda pela qualidade da rede e resiliência, e a liberalização avançando como “oportunidade única”. Veja abaixo a íntegra do plano estratégico da Enel para o ciclo 2024-2026 divulgado no final do ano passado na Itália. Investimentos em São Paulo No mês de abril, a empresa divulgou um plano de investimentos a pedido do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), para reforçar a resiliência de sua rede elétrica para “enfrentar os crescentes desafios climáticos” após o apagão ocorrido em São Paulo no começo do ano. O plano em questão projetava uma “melhoria contínua do fornecimento como solicitado pela prefeitura de São Paulo”, com investimentos de aproximadamente R$ 6,2 bilhões entre 2024 e 2026 na área de concessão da Enel – a cidade de São Paulo e outros 23 municípios da região metropolitana de São Paulo. Segundo comunicado divulgado pela Enel, o patamar de investimento da Enel São Paulo passaria de uma média de R$ 1,4 bilhão, desde a aquisição da Eletropaulo, para cerca de R$ 2 bilhões. “Dentre as iniciativas apresentadas pela Companhia, além do reforço significativo das equipes de profissionais próprios que atuam em campo, foi destacada a intensificação das manutenções preventivas, o aumento do número de podas preventivas e modernização da rede elétrica”, diz o documento, cuja íntegra pode ser lida a seguir. Enquanto isso, a cidade de São Paulo e municípios como Cotia, Taboão da Serra e São Bernardo do Campo seguem sentindo as consequências da tempestade ocorrida na última sexta-feira. Quem é a Enel Fundada em 1962 como uma entidade pública italiana, a empresa de geração e distribuição de eletricidade e gás Enel foi transformada em sociedade anônima em 1992 e privatizada em 1999, após a liberalização do mercado de eletricidade na Itália. Na América Latina, as operações da Enel se concentram no Brasil, no Chile e na Colômbia. As operações brasileiras englobam os Estados do Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo, além de contar com um braço de geração renovável com 6,5 GW em operação, dos quais mais de 3,5 GW são de fonte eólica, mais de 1,7 GW são de fonte solar e cerca de 1,3 GW de fonte hídrica. Com valor de mercado em torno de 72,97 bilhões de euros, a Enel tem ações negociadas na Borsa da Italia, em Milão – nesta segunda-feira, a ação fechou em alta de 1,56%, negociada a 7,176 euros. Em um ano, o papel acumula 25,39% de valorização. Fonte: Jornal GGN
Registros das eleições presidenciais da Venezuela aparecem online em sites da oposição

Atas das eleições presidenciais da Venezuela surgem online em sites da oposição O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela não publicou os resultados detalhados por colégio eleitoral e mesa de votação que respaldam o anúncio da vitória do presidente Nicolás Maduro nas eleições presidenciais, mas as atas que contêm esses resultados já circulam na internet, conforme verificado pela CNN. A possibilidade de consultar as atas foi aberta depois que a líder da oposição, María Corina Machado, anunciou que criariam o site https://resultadospresidencialesvenezuela2024.com/ para que os interessados pudessem revisar o resultado da mesa em que votaram. “Temos 73,20% das atas e com esse resultado nosso presidente eleito é Edmundo González Urrutia”, disse Machado naquele momento. Foi um anúncio semelhante ao que fez na noite de domingo quando, com 40% das atas, também afirmou que o candidato da Plataforma Unitaria Democrática havia vencido contra Nicolás Maduro. Uma equipe da CNN tentou sem sucesso fazer essa consulta acessando o site, um tema que era tendência em redes sociais como o X (antigo Twitter) devido ao site estar saturado pela quantidade de usuários tentando acesso. Alguns relataram que, após insistir, conseguiram revisar as atas de suas mesas de votação nesse site. À tarde, a CNN conseguiu entrar em outro site que oferece o mesmo serviço, ganovzla.com, e lá pôde revisar as atas que pertenceriam aos colégios eleitorais de cinco pessoas com documentos venezuelanos. Os cidadãos com documento de identidade expedido pelas autoridades venezuelanas podem acessar esses sites com seu número, independentemente de terem votado ou não nas eleições realizadas há três dias, e revisar o resultado impresso nas atas. A CNN não sabe como esse material foi processado, nem se todas as atas de votação do Conselho Nacional Eleitoral estão ali, e não pode determinar se os resultados dessas atas são verdadeiros. Mas a CNN pode confirmar que, dos cinco números de cédula inseridos, todos correspondem ao colégio eleitoral atribuído às pessoas com essa identificação. O site promovido por Machado está hospedado na AWS, o serviço de nuvem da Amazon. Nos cinco resultados obtidos variam os nomes e as assinaturas dos membros da mesa e das testemunhas presentes na apuração. As imagens das atas têm um número de identificação aparentemente gerado pelo sistema, assinaturas de testemunhas e um código QR na parte inferior. Em um vídeo em sua conta no X, o jornalista Eugenio Martínez, diretor do Votoscopio, disse que todos esses elementos são necessários para uma eventual auditoria desse material. Mas para chegar a esse ponto seria necessário que o Conselho Nacional Eleitoral entregasse os detalhes dos resultados. E até a tarde de terça-feira, isso não havia sido feito, nem foi divulgado um novo boletim. Só se sabe o que o presidente do CNE declarou no domingo “que com 80% da apuração oficial, Maduro somava 51% dos votos”. Contrário ao costume de publicar quase imediatamente no site do CNE os resultados das eleições por colégio eleitoral e mesa, a atual diretoria do órgão não o fez. Tanto o Centro Carter, os ex-presidentes da República Dominicana, Leonel Fernández, e da Colômbia, Ernesto Samper – ambos convidados como observadores – e vários governos da região pediram que se publiquem os resultados detalhados para dissipar as dúvidas surgidas. E embora Maduro tenha se comprometido na segunda-feira com o enviado pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, a publicar todas as atas, segundo confirmou uma fonte informada sobre os detalhes da reunião à CNN, até a tarde de terça-feira, isso não havia sido feito. Isso já aconteceu em outras três ocasiões desde que, em 2004, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela decidiu automatizar sua plataforma de votação. Em 2007, segundo lembra Martínez, o CNE deixou de publicar um número significativo de atas no referendo que propunha uma emenda da Constituição em 2007, que o chavismo perdeu. Também não publicou atas, nem resultados desagregados na eleição da Assembleia Nacional Constituinte em agosto de 2017, nem no referendo consultivo sobre o histórico desacordo com a Guiana pelo Essequibo, acrescenta. Em agosto daquele ano, o CNE relatou mais de oito milhões de eleitores e nunca publicou as atas. Posteriormente, a empresa Smartmatic, que era responsável pelo voto eletrônico no país, afirmou que “houve manipulação dos dados de participação” de pelo menos um milhão de eleitores. A oposição havia relatado que houve 2,4 milhões de votos. A então presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena, respondeu: “Há quem busque mergulhar em um vazio aqueles que participaram da eleição do domingo passado e ignorar a voz de mais de 8 milhões de venezuelanos”. Uma polêmica semelhante surgiu no final de 2023, por ocasião do referendo consultivo convocado por Maduro sobre o território do Essequibo, uma ampla faixa rica em petróleo controlada pela Guiana e que a Venezuela reivindica como sua desde 1899, quando a perdeu em virtude da Sentença Arbitral de Paris. O CNE relatou então que mais de 10 milhões de pessoas votaram, mas não publicou as atas de votação. O número de participação surpreendeu analistas, pois se tratava de uma campanha de baixa mobilização. Não houve testemunhas da oposição nas mesas, então a contagem teve pouca verificação independente. “O tempo médio de publicação de resultados no site do CNE era de 3 horas após o anúncio do primeiro boletim, aproximadamente, além da entrega do banco de dados dos resultados aos partidos. Esse tempo de publicação aumentou para cerca de 8 horas com a chegada da Ex Cle, (a empresa que substituiu a Smartmatic como fornecedora do software eleitoral após a eleição da Assembleia Nacional Constituinte)”, disse Martínez à CNN. Embora fosse uma tradição, a Lei Orgânica do Sufrágio e Participação Política só estabelece, em seu artigo 55, que os resultados das votações eleitorais devem ser publicados 30 dias após a proclamação dos vencedores no Diário Eleitoral. Ataque cibernético e a Macedônia do Norte O presidente do CNE afirmou perto da meia-noite de domingo que a demora para apresentar os resultados se devia a um ataque cibernético sofrido pelo sistema eleitoral venezuelano. Na segunda-feira, o procurador-geral da República, Tarek William Saab, também afirmou sem apresentar provas que esse ataque ao sistema de transmissão de dados veio da
Defesa cibernética subcomissão será desenvolvida para avaliar política

Será instalada nesta terça-feira (14), às 14h, a Subcomissão Permanente de Defesa Cibernética, destinada a acompanhar a política pública sobre o tema instituída pelo governo federal. Na ocasião, haverá a eleição do presidente e vice-presidente do colegiado, além da apresentação do plano de trabalho da subcomissão, criada no âmbito da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). A criação da subcomissão, com três membros titulares e igual número de suplentes, foi proposta pelo senador Esperidião Amin (PP-SC). Em março de 2020, o senador já havia solicitado a instalação da subcomissão, adiada em razão das medidas de combate à pandemia da Covid-19, o que impossibilitou o funcionamento das comissões permanentes do Senado. O requerimento foi reapresentado como forma de viabilizar a instalação do colegiado (REQ 20/2023). Em dezembro de 2023, o governo federal editou o Decreto 11.856, que instituiu a Política Nacional de Cibersegurança (PNCiber) e o Comitê Nacional de Cibersegurança (CNCiber), vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Ataques cibernéticos Esperidião Amin vai sugerir que a subcomissão avalie a Política Nacional de Cibersegurança, instituída pelo Decreto 11.856, de 2023, dado o crescimento das ameaças cibernéticas em todas as áreas da sociedade. O senador cita relatório divulgado pela empresa de soluções de cibersegurança Fortinet, com base nos dados do FortiGuard Labs. O documento aponta que o Brasil foi o segundo país mais atingido da América Latina e Caribe em 2022, com 103,16 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos. O número implica aumento de 16% com relação ao ano anterior (88,5 bilhões) e representa quase 30% do número total dos países da região que sofreram com mais de 360 bilhões de tentativas de ciberataques. Esse número não representa a totalidade de ataques, pois o relatório traz somente os dados referentes às vítimas que necessitaram de auxílio de terceiros. Dados apurados pela Check Point Research apontam aumento de 38% nos ciberataques globais em 2022, comparado a 2021. Os setores mais atingidos em 2022 foram educação, pesquisa, governo e saúde. Fonte: Agência Senado